As eleições presidenciais americanas são indubitavelmente um dos eventos políticos mais notáveis e acompanhados dentro do cenário internacional. Jornais desde o extremo oriente até a América Latina cobrem as usualmente acirradas corridas eleitorais que tomam conta dos EUA a cada quatro anos, com a próxima ocorrendo na terça-feira (05). Apesar disso, o sistema eleitoral americano se difere do convencional estabelecido, por exemplo, no Brasil, e apresenta complexidades enormes na hora de ser analisado.
No Brasil, estamos acostumados com eleições baseadas no voto popular, ou seja, o candidato que obtiver o maior número de votos vence a cadeira. No entanto, os Estados Unidos, por razões históricas, utilizam um formato diferente de eleição chamado de colégio eleitoral.
O sistema do colégio eleitoral americano consiste resumidamente no estabelecimento de um número proporcional de delegados por cada estado baseado no tamanho da população que representariam a mesma no voto presidencial. Em outras palavras, cada estado tem um número de delegados dentro do colégio eleitoral que é determinado com base na sua demografia.
Assim, o candidato que receber o maior número de votos em um estado vai conquistar todos os delegados deste, com a exceção do Maine e do Nebraska, que dividem os seus votos baseados em zonas eleitorais. Assim, mesmo que um candidato receba apenas 1% a mais de votos do que seu concorrente em um estado, todos os votos irão para ele, em um sistema conhecido como winner-take-all, ou “o vencedor leva tudo” em português. Com tais eleições sendo realizadas, os candidatos vão somando a quantidade de delegados dos estados nos quais ganharam, e o que chegar a 270 delegados vence as eleições.
Apesar de parecer estranho e peculiar tal sistema para nós com a lente brasileira, acostumados com a ideia de que é eleito aquele com a maior parte dos votos, existem razões sociais e históricas para o modelo eleitoral americano. Isso porque a construção dos Estados Unidos da América como nação passarelas reconhecimento da autonomia e liberdades dos estados que constituem o país, criando uma verdadeira federação que leva em conta a vontade de cada ente federativo. Assim, é como se a eleição fosse realizada em cada estado, e a vontade da maioria deste estado levasse todos os seus delegados para a contagem nacional.
Assim, ao final das eleições, são somados os delegados dos estados que votaram nos democratas e nos republicanos, e o lado que obtiver a já citada quantia de 270 delegados vence a corrida.
Outro fenômeno que deve ser entendido dentro do contexto das eleições parte justamente dessa estrutura na qual prevalecem as votações nos estados. Com uma estrutura política extremamente estática, com os estados mais rurais quase sempre já decididos em favor dos republicanos e os urbanos em favor dos democratas, não faz sentido para as campanhas enviarem recursos para estados que já estão decididos. Assim, o foco das eleições é nos chamados “swing states”, ou estados-pêndulo, como são conhecidos no português.
Estes são os poucos estados que equilibram a balança e que não estão decididos nem para um lado, nem para o outro, fazendo com que ambos democratas e republicanos foquem em conseguir votos nestes locais a fim de aumentar seu número de delegados no colégio eleitoral. Para as eleições deste ano, por exemplo, existem sete estados-pêndulo: Pensilvânia, Michigan, Wisconsin, Carolina Do Norte, Geórgia, Nevada e Arizona.
Estes são os estados nos quais as campanhas de Kamala Harris e Donald Trump mais estão focadas, tentando obter a vitória no máximo possível destes para, assim, conquistar a vitória.
Hoje, a CNN americana coloca Harris com uma leve vantagem, dispondo de 226 delegados, enquanto Trump tem 219. Portanto, resta a ambos os candidatos focarem seus últimos esforços para vencer nos estados disputados e, assim, alcançar a Casa Branca.
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