Segundo o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), a violência contra meninas e mulheres é a pandemia mais longa e mortal do mundo. “Não podemos aceitar um mundo em que metade da humanidade esteja em risco nas ruas, em suas casas ou online. Devemos acabar com a violência contra mulheres e meninas – agora”, reforçou António Guterres.
Eu concordo inteiramente com a expressão usada por ele e posso explicar.
Bom, para melhor compreensão primeiro vamos ao cerne da questão – o machismo.
Segundo a professora e socióloga da USP, Marília Moschkovich, o machismo é uma ideia e tem uma história bem longa. A ideia de favoritismo da masculinidade em relação a feminilidade, ou seja, uma ideia de hierarquização. O machismo não é uma invenção moderna, nos acompanha desde as primeiras civilizações e acompanha as culturas milenares que herdamos. O capitalismo e a Igreja, por exemplo, foram moldados e se estruturaram através dele. Apesar de não ter nacionalidade, raça e classe social, ele está aí.
Agora visto com mais clareza pelo mundo. Isto, porque minorias lutam contra ele, versus milênios de sua duração e existência antecedente. Apesar dessa luta árdua, ainda assim, as estruturas fundamentais que nossa sociedade tem (Estado, religião, família, conhecimento, educação, escola, ciência, filosofia, indústria, classes, racismo) foram esculpidas por ele. Resumindo, a hegemonia tem significado claro no dicionário: machismo.
Se observarmos bem, desfazer laços com o machismo é considerado anarquia na nossa sociedade. Isso porque subverter a lógica criada pelo machismo é o mesmo que bagunçar tudo que aprendemos, desprezar certezas e construções que se fizeram sobre essa ideia.
Referenciando mais uma vez a professora Marília, o machismo é um sistema. Digo mais, parece ser uma doença, e como atinge um cenário global, é pandêmico.
Em maio de 2023 foi decretado fim da emergência sanitária da covid-19, mas ainda assim, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), não implica no término da pandemia e estado de atenção quanto aos cuidados. Assim é a questão da violência contra a mulher, ressoa pelo mundo que temos direitos iguais, mas na prática precisamos continuar lutando por direitos básicos. Por dignidade.
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