A mineração no sul e sudeste do Pará foi surpreendida nas últimas semanas com a decisão da Horizonte Minerals de paralisar a implantação do Projeto Níquel Araguaia em Conceição do Araguaia. As obras estão suspensas por quatro meses e, durante este período, a gigante mineral fará uma revisão completa do projeto.
A revisão é necessária tendo em vista que a implantação do projeto vai estourar – e muito – o orçamento inicialmente previsto para a obra. São US$ 94 milhões a mais e os acionistas da gigante se recusam a disponibilizar mais dinheiro até que seja feita a revisão completa dos parâmetros da obra.
Com isso, centenas de profissionais que atuavam na implantação foram desmobilizados e estão agora desempregados. A notícia caiu como uma bomba na bela Conceição do Araguaia, que se vê em uma enrascada onde centenas de trabalhadores serão empregados? E suas famílias? Serão, pelo menos, 120 dias de trabalhadores parados e a Horizonte não deixou claro se vai recontratar todo mundo.
Vale lembrar que muita gente se mudou para Conceição para trabalhar no projeto e os impactos serão sentidos.
A começar na economia. Em tempos de projetos minerais, empresas locam imóveis, fazem compras no comércio local e movimentam um município. Com obras paradas, imóveis são desalugados e não há razão para comprar no comércio.
Trabalhadores que se mudaram para Conceição também não conseguirão pagar aluguel, afinal já não possuem seus empregos.
A arrecadação do município deve cair. Afinal, a Horizonte não terá razões para pagar os impostos que paga quando a obra está a todo vapor. Todos, de um jeito ou de outro, sentirão os impactos.
A cidade também sentirá os efeitos da desmobilização na segurança pública. Projetos minerais atraem pessoas de todos os lugares do Brasil. Muitos conseguem empregos, outros não e os de má índole, então, optam pela criminalidade. Agora, sem perspectivas de contratações, as taxas de criminalidade devem subir, como acontece em todo e qualquer município que sofre com desmobilizações de projetos minerais.
Conceição também verá aumentar as demandas sociais. Sim, quem não tem emprego e não tem como voltar para casa, vai procurar a Secretaria de Assistência Social do município em busca de cestas básicas ou mesmo passagens para voltar para casa.
Apesar de tantos impactos, a boa notícia é que o Projeto Níquel Araguaia não deve ficar muito tempo parado. As obras estão avançadas e os acionistas estão satisfeitos com as perspectivas das minas araguaianas. Ou seja, a pausa é estratégica e tudo deve voltar ao normal até abril do ano que vem.
O duro mesmo é esperar a tempestade passar.
A Horizonte Minerals foi procurada pela reportagem e enviou nota explicando a situação.
Recentemente, a Horizonte Minerals tomou a difícil decisão de desacelerar a construção do Projeto Araguaia, em decorrência de um déficit no capital necessário para concluir o Projeto. A Empresa está trabalhando em estreita colaboração com seus parceiros para chegar a uma solução de financiamento, mas a ação estratégica de desacelerar a construção foi necessária para garantir a longevidade do Projeto e permitirá que a Empresa mantenha a estabilidade financeira durante esse período.
Por respeito à força de trabalho, à comunidade, às autoridades locais e aos fornecedores, a Horizonte está em constante comunicação com essas partes interessadas. No momento, a Empresa está concentrada em minimizar os impactos da desaceleração e desmobilização das atividades de construção, bem como em tomar as medidas necessárias para garantir uma retomada segura e sustentável das atividades de construção após a desaceleração.
Acreditamos firmemente na força do Projeto Araguaia e nos muitos benefícios que ele trará ao longo de sua vida útil para Conceição do Araguaia, para o Pará e para o Brasil como um todo. A Horizonte está firme em seu compromisso de parceria com Conceição do Araguaia e se esforçará para manter todas as partes interessadas informadas em todas as etapas desse processo.
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