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"O recado está dado" mãe de Gabrielle recebeu mensagem ameaçadora dias antes do assassinato

1 ano e 4 meses depois do brutal crime, inquérito policial de 163 páginas não aponta suspeitos, crime segue sem respostas. Mãe recebeu mensagem ameaçadora dias antes do crime: "Aconselha sua filha a não mexer com homem casado"

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“Da ums concelhos para sua filha, parar de se envolver com homem casado, esse p***. Porquê se ela continuar nessa situação ela vai acha o que ela não quer! O recado está dado (sic)”

 

Foi essa a mensagem que Celma Mota, mãe de Gabrielle Souza Mota, e madrasta de Andrey Pereira Mota, jovens de 25 e 31 anos, respectivamente, recebeu 13 dias antes do brutal assassinato dos dois. O crime ocorreu na madrugada do dia 28 de outubro no estacionamento da Feira Agropecuária de Canaã.

O portal Correio de Carajás teve acesso em primeiro mão às 163 páginas do inquérito policial que investiga o assassinato dos dois irmãos. Apesar do crime ter ocorrido há um ano e quatro meses, a investigação ainda não foi capaz de responder quem matou Gabrielle e Andrey. 

A mensagem está investigada pela polícia e consta no inquérito. Dona Celma confirmou ao Correio de Carajás que recebeu a mensagem, mas afirmou que não conhece o número de onde partiu a ameaça. A mãe da vítima afirmou que tentou ligar para o número diversas vezes, porém sem sucesso. A identidade do autor segue no mais absoluto mistério.

Dona Celma questionou Gabrielle à época sobre a mensagem. A jovem afirmou não manter nenhum relacionamento amoroso, muito menos com alguém casado, uma vez que ela havia se separado 60 dias antes.

A Polícia Civil de Canaã dos Carajás localizou o dono do aparelho de onde partiu a mensagem com a ameaça para Gabrielle. O aparelho em questão é usado de forma comercial em uma loja de assistência técnica de celulares, mas nele foram usados diferentes chips. Além disso, várias pessoas tinham acesso ao telefone. Ao todo, seis foram intimadas e compareceram na Delegacia de Polícia Civil para depor na condição de testemunhas. Apesar das oitivas, não consta no processo que a PC tenha identificado o responsável pela ameaça.

Madrugada do crime

Uma amiga de Gabrielle, que estava no banco traseiro do veículo durante o crime, detalhou na época que, por volta das 4 horas, quando um show da ExpoCanaã acabou, ela, Gabrielle e Andrey foram para o estacionamento.

Gabrielle entrou no veículo, um Polo de cor branca, enquanto o irmão sentou no banco do passageiro. A amiga ficou no banco de trás.

Gabrielle ligou o carro e abaixou os vidros para dar ré. Nesse momento, o assassino anunciou um assalto e exigiu a chave do carro, que foi imediatamente entregue. Em seguida, o criminoso também ordenou que eles entregassem os aparelhos celulares.

Andrey foi o primeiro a entregar. Nervosa, Gabrielle deixou cair o aparelho dela entre os bancos do motorista e passageiro. Ela então ligou a luz do carro para procurar o celular. Nesse momento, o criminoso brigou com ela e disse: “desliga a p*** da luz, tá pensando que essa arma é de brincadeira?”.

A vítima obedeceu à ordem do criminoso e quando encontrou o celular o entregou. Conforme a testemunha, o assassino então “encostou o cano da arma na cabeça de Gabrielle e empurrou, afastou a arma e efetuou um disparo”, em seguida, o criminoso atirou distante a cinquenta centímetros contra Andrey, atingindo a cabeça dele.

Depois de balear os irmãos, o assassino pareceu se assustar com alguma coisa e fugiu, levando os celulares e a chave do carro. A testemunha relata que ele “foi por trás do carro e subiu na garupa de uma motocicleta alta”. O veículo tinha cor escura, conforme informações que constam nos autos.

A testemunha viu o rosto do assassino responsável por efetuar os disparos, o descrevendo como um homem de cor parda, rosto redondo, que usava óculos de grau e com uma camisa de cor escura. O exame de balística indicou que a arma de onde partiram os disparos é um revólver calibre 38.

As investigações policiais confirmaram, também por meio de perícia, que “os criminosos esvaziaram os dois pneus do lado do motorista, demonstrando premeditação” do crime.

Celma Mota não acredita que as mortes da filha e do enteado tenham sido um latrocínio (roubo seguido de morte). Além dos pneus murchos e da mensagem contendo uma ameaça, ela afirma que a bolsa da filha com todos os pertences não foi levada, tampouco exigida pelos criminosos. Andrey, por sua vez, estava com relógio e dinheiro quando foi assassinado.

Nos autos, é dito que o local do duplo assassinato não tinha câmeras, entretanto, a Polícia Civil solicitou à Secretaria Municipal de Segurança Pública Viária (SEMSPUV) imagens do sistema de monitoramento que pudessem conter imagens dos suspeitos. Foi possível observar que três motocicletas com características semelhantes transitaram pelas ruas próximas entre 4h25 e 5h31.

Uma busca pelos dados cadastrais dos veículos foi realizada, ainda assim, não consta no processo que os donos dos veículos tenham sido ouvidos no inquérito policial.

Dois delegados

O atual responsável pelo inquérito policial é o delegado Luca França da Costa Soares. Ele assumiu o caso em abril de 2024, após a primeira delegada, Isabella de Luca Martines, ser transferida para a cidade de Parauapebas.

Assim que assumiu o caso, o delegado Luca solicitou ao juiz da Vara Criminal da Comarca de Canaã dos Carajás a prorrogação do prazo para concluir as investigações. No documento enviado ao magistrado, a autoridade policial justificou o pedido alegando ter sido transferido para a delegacia recentemente.

Outros pedidos de prorrogação para a conclusão do inquérito foram solicitados pelo delegado. Assim, o processo ainda não foi concluído e está parado.

A reportagem entrou em contato com a Polícia Civil por meio da assessoria de comunicação no dia 28 de fevereiro deste ano, quando o caso completou um ano e quatro meses, mas não recebeu resposta.

Nesta sexta-feira (7), foi novamente solicitada uma nota de esclarecimento questionando se há prazo para conclusão do inquérito policial e o motivo de a investigação ainda não ter sido concluída. Até essa publicação não houve retorno.

A reportagem também procurou o Ministério Público do Estado do Pará (MPPA), por meio da assessoria de comunicação. Em nota, o órgão respondeu que a Promotoria de Justiça de Canaã dos Carajás tem ciência dos fatos ocorridos e aguarda o fim do inquérito policial para se manifestar sobre o caso apenas após análise dos autos, “a fim de verificar se serão necessárias novas diligências ou não.”

Gabrielle completaria 27 anos na quinta-feira (6), data em que a mãe gravou um vídeo em homenagem à filha ao lado de sua lápide no cemitério

Fonte/Créditos: Com informações de Theíza Cristhine do Correio de Carajás

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Eric Vaccaro

Publicado por:

Eric Vaccaro

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