As ações da Vale caíram 13,2% apenas em abril. Os papeis são afetados principalmente pelo tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e pelas reações, em especial as do governo da China, maior consumidor global de minério de ferro, principal produto da companhia. Com isso, os papéis da mineradora atingem o menor nível em quatro anos.
Essa perda fez com que o valor de mercado da Vale encolhesse em US$ 11 bilhões, para US$ 224,8 bilhões — o menor desde 2020.
Só a nova taxação adotada pelo governo de Pequim às importações de produtos dos EUA, impuseram uma queda de cerca de 5% às ações da mineradora. Nesta quarta-feira (9), a China aumentou as tarifas sobre os produtos norte-americanos para 84%, numa resposta ao segundo ajuste das taxas dos EUA.
Nesta quarta, os papéis da Vale buscam recuperar parte das perdas e já subia 4,74% às 14,50, sendo negociados a R$ 51,53.
Mesmo assim, a cotação das ações ainda permanece no seu menor patamar desde novembro de 2021.
A desvalorização da companhia na Bolsa de Valores reflete a apreensão dos investidores com o risco de recessão em nível global. A União Europeia também deu seu primeiro recado, aprovando nesta quarta-feira a aplicação de 25% sobre os produtos dos EUA, em resposta à alíquota de 25% sobre o aço e o alumínio imposta por Trump. A tarifa vai entrar em vigor em 15 de abril.
Minério de ferro
Assim como ocorre com os índices globais, as retaliações pressionam o desempenho do minério de ferro no mercado internacional. Na manhã desta quarta, a commodity, negociada na Bolsa de Cingapura, recuou 1,06%, e na Bolsa de Dalian, o contrato do minério de ferro caiu 0,58%, a US$ 93,90.
Contudo, essa depreciação não deve abalar os negócios da Vale. Segundo os analistas do Itaú BBA, a demanda dos EUA pela commodity produzida no Brasil representa menos de 1% do total das exportações brasileiras. Isso mostra que as tarifas possuem impacto limitado para o setor.
"Acreditamos que os impactos potenciais das novas tarifas sobre os níveis de exportação de aço da China, somados à oferta sazonalmente mais alta prevista para o segundo semestre de 2025, podem contribuir para pressionar os preços do minério de ferro para baixo", avalia o banco.
Apesar desse contraponto, a ação Vale é a principal escolha do Itaú dentro do setor de siderurgia e mineração.
O motivo é a defasagem do papel ante o minério de ferro. Isso melhorou a relação risco-retorno da companhia e representa uma oportunidade para os investidores dispostos a enfrentar a volatilidade de curto prazo.
"Nossa projeção oficial para o preço médio do minério de ferro é de US$ 100/tonelada em 2025. Nesse nível, vemos uma avaliação atrativa, com a ação sendo negociada a um múltiplo EV/Ebitda estimado para 2025 de 3,4x, um rendimento de fluxo de caixa livre (FCF) de 13% (excluindo desembolsos relacionados a Mariana e Brumadinho) e um dividend yield de 12%", ressalta o banco.
Diante dessas condições, o Itaú recomenda compra para os ADRs (recibos que permitem que investidores consigam comprar nos EUA ações de empresas não norte-americanas) da Vale, com um preço-alvo de US$ 13, o que representa uma alta de 46,9% para os próximos meses. Com informações de O Estado de S.Paulo e Info Money.
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