O portal Gazeta Carajás segue atento às informações que circulam pelos bastidores da mineração no Pará, no Brasil e no mundo. De acordo com informações recentes, a multinacional Vale Metais Básicos segue em clima de mudanças e profissionais de todos as hierarquias estão em alerta diante das readequações que a mineradora está propondo.
As mudanças, inclusive, foram confirmadas ao Gazeta Carajás, por meio de nota, pela empresa. Sem dar detalhes, a Vale Metais Básicos explicou que está implementando um novo modelo organizacional como parte do processo de evolução contínua do negócio.
Na prática, isso representa profundas mudanças estruturais, o que está deixando profissionais que atuam na região de Carajás em alerta total. Equipes estão sendo reduzidas e, como já informamos anteriormente, gerentes estão informando a profissionais sob sua supervisão que o momento é de incertezas. A recomendação, inclusive, é para que os profissionais não recusem propostas de outras empresas.
O que pode estar por trás das mudanças?
Como a Vale Metais Básicos não revelou à imprensa mais detalhes do que está acontecendo internamente, o Gazeta Carajás apurou que alguns fatores locais e mundiais podem estar impulsionando as decisões.
A Vale S.A. trocou de presidente em 2024. Eduardo Bartolomeo deixou o cargo após cinco anos e deu lugar a Gustavo Pimenta, que assumiu em outubro, após um conturbado processo de transição.
Bartolomeo assumiu a presidência da mineradora em um momento complicado, pós tragédia de Brumadinho e de pandemia. À época, para se adaptar à nova realidade da empresa, o presidente precisou fazer mudanças na cultura organizacional, tendo inclusive criado a Vale Metais Básicos neste período. Algumas dessas mudanças já não fazem sentido agora, já que a Vale vive uma nova fase.
Agora ainda mais focada no lucro, "as duas Vale" enxugam gastos e cortam na carne para manter suas operações mais rentáveis do que já são atualmente.
Além disso, o mundo vive atualmente em um contexto de guerras – várias acontecendo ao mesmo tempo, em diversos continentes. Isso influencia os preços dos commodities, como o ferro, que viu seu preço despencar historicamente em 2024 e depois se estabilizar. Isso sem falar na atual imprevisibilidade do mercado chinês, maior comprador do minério brasileiro na atualidade.
Há ainda o fator Trump, que assusta o mercado mundial da transição energética. O presidente eleito dos Estados Unidos não acredita na necessidade de se investir em novas energias e, como prova maior disso, nomeou no sábado (16), Chris Wright, negacionista do clima e executivo do setor de petróleo, para comandar o Departamento de Energia nos Estados Unidos.
Isso, em termos globais, tende a esfriar a mineração de cobre, principal produto explorado pela Vale Metais Básicos – onde as mudanças principais estão concentradas. O preço do minério despencou nas últimas semanas e há uma tendência de queda para 2025.
Diante de tantos contextos, as mudanças estruturais da Vale são previsíveis e, em certa medida, compreensivas. Empresas se adaptam às realidades de cada mercado e estão sempre em busca de sua única razão para existir: a mais alta margem de lucro no menor tempo possível.
Créditos (Imagem de capa): Mina de cobre do Salobo - Vale
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