A Metais Básicos realizou, no início dessa semana, um mutirão de demissões de profissionais ligados à subsidiária da Vale em Canaã e região. De acordo com as informações obtidas pelo Gazeta Carajás, centenas de profissionais de vários setores foram desligados da empresa. A Metais Básicos chamou o movimento de “readequação para um melhor posicionamento nos negócios.” Na prática, o movimento é conhecido como “quita” ou “jacaré com fome e engolindo o que vê pela frente.”
Para amenizar as sumárias demissões, em uma espécie de morde e assopre tipicamente valiano, a Metais Básicos anunciou um pacotão de medidas compensatórias. Os empregados demitidos ou receberão, além das rescisões, valores no cartão alimentação e salários extras.
Além disso, a empresa não demitiu todos que pretendia: realocou profissionais na Vale e na Vale Metais Básicos do Canadá, conforme o sindicato havia solicitado.
Afinal, hay que demitir, pero sin perder la ternura jamás.
A Vale e a Vale Metais Básicos estão em busca de mais lucro e a região de Carajás, especificamente Canaã, Parauapebas e Marabá, são fundamentais para este plano. A meta é reduzir custos na produção e, para tanto, demissões para otimizar as operações acabam sendo o caminho natural para isso. Demitir faz parte do negócio, evidentemente. Ainda mais em um setor como a mineração, que depende do vai e vem dos commodities e que se automatiza a cada dia.
As medidas econômicas compensatórias são importantes, é claro, e essenciais para os funcionários no momento da demissão. Porém, nunca é demais lembrar que, na prática, estão desempregados, e que há na região mais gente procurando emprego agora. Estes profissionais vão perder o direito a benefícios como escolas particulares, planos de saúde, planos odontológicos, entre outros. Multiplicando isso pelas centenas de demitidos, há um evidente problema social.
Este, na verdade, é um efeito colateral da mineração. Enquanto focos e esforços estão voltados para a exploração e exportação de commodities, milhares de empregos deixam de ser gerados pela ausência de uma política de verticalização mineral mais abrangente.
No entanto, isso não é o mais importante no momento. O plano agora é demitir, mas demitir de um jeito terno, oferecendo cuidado e deixando as portas abertas. Demissão sim, insensibilidade jamais.
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