A Estrada de Ferro Carajás segue fechada pelo Movimento Sem Terra nesta quarta-feira (4). O MST ocupou os trilhos da estrada nas primeiras horas da manhã de terça (3) e não há previsão de quando a liberação da via será feita. Em comunicado oficial, o movimento faz oito exigências à Vale para que haja o desbloqueio da EFC (veja abaixo quais são).
Como é de conhecimento geral, a cada hora sem poder escoar sua produção mineral, a Vale tem um prejuízo quase incalculável e, na prática, irrecuperável. São milhares de toneladas de toda a sorte de minérios presos, sem poder chegar ao destino: o porto de Ponta da Madeira em São Luís no Maranhão.
O Gazeta Carajás fez as contas e estimou os prejuízos que a mineradora está tendo por conta do bloqueio da EFC. Com base em relatórios de faturamento da mineradora, estimamos o quanto a empresa pode estar deixando de faturar com a paralisação. Não foi considerado no levantamento o que a Vale deixa de ganhar com o transporte de passageiros.
Considerando um faturamento estimado em R$ 70 bilhões/ano com a exploração mineral na província de Carajás, a mineradora perde algo em torno de R$ 191 milhões/dia.
Isso representa cerca de R$ 8 milhões perdidos a cada hora de paralisação. Como a EFC está fechada a quase 40 horas, a Vale está deixando de faturar cerca de R$ 320 milhões com a paralisação.
Evidentemente, a conta é estimada, pois os preços dos commodities variam bastante. As perdas podem ser até maiores superiores ao que está sendo estimado. Porém, os números são suficientes para se ter uma dimensão do prejuízo.
O que quer o MST?
O MST faz as seguintes exigências:
-
A imediata devolução de terras não mineráveis sob posse ilegal da empresa VALE para fins de Reforma Agrária, assim como a aquisição de mais de 100 mil hectares de terras para assentar famílias acampadas e cadastradas pelo INCRA;
-
A criação de um Fundo de Desenvolvimento Social e Econômico, sob controle social dos recursos do CFEM (Compensação Financeira pela Exploração Mineral), para o enfrentamento às mazelas provocadas pelo modelo mineral;
-
A adoção imediata de um programa de habitação popular para a construção de 10.000 (dez mil) casas, para fazer frente ao déficit de moradia no município de Parauapebas;
-
A criação imediata de um Programa de Transferência de Renda, no valor de 1.000 (hum mil) reais por famílias em estado de vulnerabilidade social, em especial, as famílias chefiadas por mulheres;
-
Investimento massivo em programas de reflorestamento, recuperação de nascentes e da adoção da agroecologia em larga escala, nos municípios direta e indiretamente atingidos pela mineração;
-
Pagamento imediato do CFEM e de outros tributos, fruto de sonegação fiscal ou práticas semelhantes que sejam destinados para os cofres públicos de todos os municípios que são direta e indiretamente atingidos pela mineradora Vale;
-
Reparação pelas tragédias ambientais provocadas pela mineradora Vale, em especial as vítimas de Brumadinho e Mariana, em Minas Gerais.
-
Criação de uma Força Tarefa do Governo Federal, Estadual e Municipal com a participação dos Ministérios Públicos Estaduais e Federal para tratar dos desdobramentos dos pontos acima citados.
Atualização da reportagem:
Por volta das 16h desta quarta-feira, a Justiça emitiu liminar determinando o desbloqueio da Estrada de Ferro Carajás. Em breve mais informações.
Comentários: