A Polícia Federal, junto com o Ibama, deflagrou mais uma grande operação contra o garimpo clandestino em Canaã dos Carajás. No último sábado (18), garimpos foram desmobilizados na zona rural de Canaã mandados de busca e apreensão foram cumpridos. A operação teve o apoio da Força Nacional e do ICMBio. Cerca de 50 agentes de segurança se dividiram entre os garimpos alvos da operação. Veículos e máquinas foram inutilizados.
Um dos garimpos fica dentro do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos, área de proteção federal. De acordo com a PF, os dois garimpos desmobilizados em Canaã estavam extraindo cobre.
O Gazeta Carajás entrou em contato com Hermes Araújo, garimpeiro e presidente da Associação dos Garimpeiros Ambientalistas de Canaã dos Carajás (Agamp). De acordo com ele, a classe garimpeira sofreu mais um ataque. “Mais uma vez, fomos atacados na essência da problemática. Nossa atividade conflita com os interesses da grande mineradora por ela requerer todas as áreas do estado. Isso deve servir a interesses dela de ativos na bolsa. São áreas que ela requer para pesquisa e termina ficando apenas na pesquisa. Eu tenho até que ter cuidado porque ela é extremamente autoritária e pode querer me processar.”
Preocupado, Hermes levanta o questionamento. “A nossa luta é por legalidade. Mas e a sobrevivência? Como é que faz? Se o cara é garimpeiro, se ele tem os equipamentos, o minério não vai ser explorado pela Vale, pela Oz, por Avanco nem BHP, como que faz? Não sobra nada para o pequeno minerador. As grandes mineradoras podiam fazer uma política de inserção social a partir do pequeno minerador e cada um ter a condição de trabalho. Mas enquanto ficar nessa ganância por um minério que lá no chão não vira nada, fica essa situação.”
Sobre as operações da PF na Agrovila Nova Jerusalém e Serra Dourada, o presidente lamentou. “A agrovila agora deixa de sentir o impacto positivo do dinheiro do garimpo. A Serra Dourada, que sempre foi um bolsão de pobreza, estava pulsando dinheiro lá dentro, a fome tinha saído de lá com certeza e agora a situação é essa. As borracharias da vila, as padarias, os açougues, a casa das pessoas que trabalhavam no garimpo não vão ter mais acesso ao recurso que vinha do garimpo.”
Por fim, Hermes levanta mais um questionamento. “Beleza, a PF veio tirou o garimpo ilegal. Mas é ilegal por quê? Qual a ilegalidade? É ambiental? Vamos resolver! É operacional? Vamos resolver! Vamos atacar a ilegalidade, não a atividade. A atividade em si não é ilegal!”
Créditos (Imagem de capa): Foto: Ascom Polícia Federal
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