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Estreito: deixaram ponte JK cair e agora contratam empreiteira já flagrada em corrupção por quase R$ 200 milhões

Aos fatos: 17 pessoas morreram na ponte que interliga Estreito e Aguiarnópolis. Nos dias seguintes: decretado estado de emergência e a liberação para gastar dinheiro público sem licitação. Empresa contratada já foi flagrada dando propina a diretor do DNIT. Então, há lógica por trás do caos?

Estreito: deixaram ponte JK cair e agora contratam empreiteira já flagrada em corrupção por quase R$ 200 milhões
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O massacre registrado na ponte Juscelino Kubitschek, entre Estreito do Maranhão e Aguiarnópolis do Tocantins, ganha tons cada vez mais vexatórios para o estado brasileiro. Analise-se a sucessão de fatos, desde o DNIT cruzando os braços e esperando a ponte cair, até a contratação, sem licitação, de uma empresa já flagrada entregando propina para um ex-diretor do DNIT, e faça-se o questionamento inevitável: há lógica por trás do caos?. Impossível não pensar que há.

Como aqui mesmo neste jornal já foi tratado anteriormente, a ponte desabou no dia 22 de dezembro, por volta de 14h50. Sem contar o ainda inestimável prejuízo material, havia 18 pessoas fazendo a travessia naquele exato instante. Todas despencaram para a morte e somente uma sobreviveu.

Nos dias seguintes, as midiáticas, apáticas e criticadas visitas dos governadores do Tocantins e Maranhão ao local da tragédia. Enquanto as famílias clamavam aos céus para que os corpos de seus familiares fossem retiradas das profundas e escuras águas do Tocantins, os políticos eram filmados e fotografados. Uma cena que jamais será esquecida.

Durante as visitas, o anúncio de um decreto de emergência. Mas o que isso significa? Na teoria, uma forma de enfrentar catástrofes de forma mais rápida, sem a usual burocracia que envolve o poder público. Na prática, com um decreto de emergência, governos ficam autorizados a fazer compras diretas, sem licitação – e eis aí o grande perigo. Se com as barreiras burocráticas da lei já há casos de corrupção e superfaturamento, imagine quando governos recebem em mãos um cheque em branco.

Para a reconstrução da ponte de Estreito e Aguiarnópolis, a bagatela de R$ 171 milhões. Se houver aditivos, o que é sempre muito provável, some-se 25% a mais neste valor e eis aí uma obra que ultrapassa os R$ 200 milhões. De forma irônica ou não, já se falou que a ponte será entregue em 22 de dezembro.

Pior de tudo: uma das empresas que compõem o consórcio responsável pela reconstrução da ponte JK já esteve envolvida em corrupção. O filho de um dos donos da empresa Arteleste Construções LTDA foi flagrado entregando propina em espécie para um diretor do DNIT. E pasme: o dinheiro, à época, foi entregue para compensar a obra de uma ponte – também contratada de forma emergencial, assim como a de Estreito.

Em decretos emergenciais, o órgão de governo convida empresas a assumir o trabalho. Ou seja, o DNIT enviou carta-convite para a Arteleste, mesmo depois de tudo o que ocorreu.

Além do movimento ser imoral, levanta uma série de suspeitas. O caos da ponte JK foi orquestrado? Era mais vantajoso aos governos, de fato, construir uma ponte de quase R$ 200 milhões do que realizar manutenções periódicas e reformas estruturais? Deixaram cair de propósito para ter em mãos o tal cheque em branco?

Só o tempo trará respostas mais claras para estes questionamentos, mas é inegável que a omissão causou um massacre e que pessoas perderam a vida neste desabamento. Não há justificativas, não há perdão e as patacoadas do DNIT causam ainda mais dor a tantas famílias.

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Kleysykennyson Carneiro

Publicado por:

Kleysykennyson Carneiro

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