Quatorze ou quinze meses atrás, Jeová Andrade confirmou boatos de racha com Josemira Gadelha e anunciou sua pré-candidatura a prefeito de Canaã dos Carajás. O anúncio foi visto com ceticismo por muitos: à priori diziam que Jeová faria as pazes políticas com a prefeita, que tudo, na verdade, não passava de um jogo político para que Jeová tivesse a chance de ser o vice ou indicar alguém da sua confiança. Não aconteceu.
Depois, afirmaram que ele jamais deixaria o MDB, que não abriria mão da primeira suplência na Alepa. Jeová o fez sem sequer olhar para trás com paixão ou arrependimentos. Filiou-se ao PL, recebeu o apoio de Bolsonaro e iniciou sua jornada para bater de frente com a máquina pública mais poderosa do estado do Pará.
Nos últimos meses, o burburinho era de que ele não conseguiria registrar candidatura, tendo em vista uma condenação do Tribunal de Contas do Estado referente a um convênio de 2018, quando era prefeito. No entanto, Jeová continuou fazendo o que está fazendo há quase dois anos: visitando amigos e dialogando sobre o futuro de Canaã – sempre afirmando que seria candidato.
Após registrar candidatura, a coligação União e Coração, composta por partidos da base governista, foi à justiça pedir a impugnação de Jeová. O TSE levou alguns dias para fazer a análise.
Neste meio-tempo, a candidatura da prefeita foi deferida, bem como a de Alexsandro da Bonança, o terceiro candidato da disputa. Supostos comunicadores e cientistas políticos de Canaã fizeram barulho e chamaram a atenção para a demora do deferimento de Jeová.
No dia 2 de setembro, a decisão final: o TSE deferiu a candidatura de Jeová e ele está, oficialmente, apto a disputar as eleições como sempre disse que estaria.
A decisão do TSE preocupa o governo em Canaã. Tanto preocupa que a coligação moveu ação impugnatória. A situação esperava caminho livre para a reeleição de Josemira. Se não era possível ter Jeová no grupo, ele impugnado seria a solução.
Agora, só resta a Josemira mostrar que realmente tem voto. A favor da prefeita, alguns fatores: imenso grupo de vereadores, a máquina, a popularidade das redes e a liderança em pesquisas feitas até aqui.
No entanto, ela vai precisar enfrentar Jeová de frente e sem poder ataca-lo diretamente, já que só é prefeita hoje porque recebeu o seu apoio em 2020.
Agora, com o deferimento em mãos, Jeová tem mais do que promessas para apresentar à população. Ele tem a concreticidade de sua candidatura e se coloca como uma alternativa a quem não concorda com a atual gestão.
O que muda agora é que a candidatura de Jeová não pode mais ser tratada como algo utópico. É o que sempre foi desde o início: uma firme, corajoso e aguerrida oposição – milhões de vezes mais forte que qualquer outra que esta gestão já tenha tido.
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